
O cirurgião plástico Márcio Crisóstomo utiliza duas técnicas simultaneamente como forma de obter resultados melhores em menor espaço de tempo
Naturalidade dos implantes garante melhor estética
Técnicas combinadas no implante de cabelos podem ser a solução para os problemas de calvície avançada
Quando tudo parece estar perdido, novas técnicas vão surgindo para acalentar a dor de quem sofre com a calvície. Em especial, aquelas que já recorreram a alternativas simples, a exemplo do uso permanente de perucas, ou mesmo a procedimentos invasivos que, infelizmente, não atenderam as expectativas.
Métodos mais antigos e feitos por equipes não especializadas no assunto geralmente não garantiam um resultado natural. E assim, os implantes tornaram-se mais conhecidos como “cabelos de boneca”, fato que acabou desestimulando a procura pelo recurso. É justamente este estigma que vem sendo desconstruído pelo cirurgião plástico e especialista em restauração capilar, Márcio Crisóstomo.
Em sua clínica, com sede em Fortaleza – também atende em outros estados e até no exterior – o médico destaca o uso de dois tipos de procedimentos: o clássico (ou Strip), que necessita de corte no couro cabeludo, e o FUE (Extração de Unidade Folicular), no qual são retirados e aplicados fio por fio. O grande diferencial do especialista é unir os dois métodos em um único procedimento, garantindo assim o transplante de até 18 mil fios, isso em casos favoráveis. Potencializo a área doadora e ainda preservo para uma futura cirurgia”, compara o médico.
Formas de intervenção
A combinação de técnicas é inédita e indicada para pacientes com calvície severa, ou que já passaram por outras intervenções sem sucesso, explica Dr. Márcio Crisóstomo. Ele acrescenta ainda que, para chegar até estes resultados, foram anos de pesquisa e aperfeiçoamento.
Tanto que, recentemente, seu trabalho ganhou um capítulo no livro Hair Transplantation – The Art off Follicular Unit Micrografting (Transplante Capilar – A arte do Microenxerto e Minienxerto da Unidade Capilar), de Alfonso Barrera e Carlos Oscar Uebel, publicado nos Estados Unidos.
Quando a calvície não está em estado avançado, o paciente pode escolher o procedimento desejado. No caso de optar pelo método clássico (ou Strip), será extraído do paciente uma faixa do couro cabeludo da parte posterior, deixando neste caso uma cicatriz na área. A faixa será subdividida em unidades foliculares (contendo de um a quatro fios de cabelo cada) que, posteriormente, serão implantadas na área calva por meio de incisões puntiformes feitas com microlâminas e agulhas, cujo objetivo é evitar cicatrizes.
Neste procedimento, que dura em torno de quatro a seis horas, podem ser implantados cerca de cinco a oito mil fios por sessão. O número varia de acordo com a necessidade e ainda com a capacidade da área doadora do paciente. Este trabalho é realizado por uma equipe especializada, munida de microscópios estereoscópicos para maior precisão de corte e aproveitamento máximo dos folículos.
Após o procedimento, o paciente é liberado, retornando no dia seguinte para a retirada do curativo e lavagem dos cabelos. Em dois ou três dias ele retoma as atividades rotineiras. Os fios, porém, só irão nascer após três ou quatro meses de cirurgia. O crescimento dos fios transcorrerá de forma natural e não cairão mais, mantendo assim a característica da área doadora.
Alta precisão
Já a técnica FUE, considerada hoje a que mais cresce no mundo, segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia de Restauração Capilar (ISHRS), passou de 7%, em 2002, para 32% em 2012. A principal diferença desta técnica está no fato de ser minimamente invasiva, e sem deixar cicatrizes.
Por outro lado, o método exige minúcia e precisão para extrair os folículos, um a um, que posteriormente, serão implantados. O fio vai cair e restará somente a raiz. Eles vão crescer um cm por mês. “É um processo praticamente artesanal”, salienta o médico de mãos hábeis, olhar estético e segurança no trabalho que desenvolve. Pioneiro no uso da FUE no Brasil, Márcio Crisóstomo é também o único cirurgião plástico brasileiro a fazer parte do comitê de pesquisa em FUE, da Sociedade Internacional de Cirurgia de Restauração Capilar (ISHRS).
Resultados
O maior desafio da técnica combinada é fazê-la em tempo hábil. Para isto, o médico destaca a necessidade de toda uma logística. Para tal procedimento conta, em média, com uma equipe de 13 profissionais especializados. Na proposta combinada, podem ser implantados de 12 a 15 mil fios, podendo passar de 18 mil em casos favoráveis. Em resumo, é possível obter maior alcance com maior densidade.
Outra vantagem é que não existe contraindicação. Homens e mulheres, com exames clínicos aprovados, estão aptos para receber o implante. Embora 95% da procura seja por parte do sexo masculino, com idade entre 35 e 45 anos, as mulheres também recorrem ao serviço.
Expectativas
Outro aspecto importante, destacado pelo médico, é que o procedimento tem baixa repercussão sistêmica. No entanto, deve-se ficar alerta com relação à expectativa irreal, considerando que alguns pacientes idealizam resultados muito distantes da possibilidade real. A questão estética é determinante, por isto, quanto mais natural parecer o implante de cabelos, melhor será a satisfação do paciente.
A única recomendação do médico é que, após o procedimento do implante, o paciente dê continuidade ao tratamento clínico como forma de controlar a queda de cabelos. “Os implantados são definitivos, mas é importante cuidar dos outros fios”, sugere o especialista.